Difícil mesmo por em palavras meu relacionamento com a linguagem escrita.
Ela me entende por completo. Mas as vezes temos aquilo que poderia ser descrito um relacionamento de amor e ódio.
Desde muito nova sou apaixonada por livros e pela escrita.
Ansiosa que sou a escrita me ajuda a por em palavras aquilo que fica embolado na garganta e que não sai com facilidade. Principalmente quando não conseguimos dar corpo ao que acontece na nossa cabeça. Depois que passe a escrever em inglês descobri que tenho uma predileção por escrever sobre certos assuntos em inglês. Mas o porque? Pela beleza de palavras como “overwhelmed” ou “serendipity”. Eu descobri no decorrer dos meus estudos da língua inglesa, que como ela tem seus contrastes com a língua latina, esses contrastes trazem em si uma beleza peculiar e linda. As collocations e expressions que conseguem com um grupo de palavras transpor uma coisa imensa ….ou mínima as vezes.
Pode não parecer mas sou uma introvertida, tímida e observadora. Não sou do tipo que fala demais …já falo demais dando aula …e como falo…então na vida pessoal eu geralmente sou mais quieta…observadora….mas isso não significa que a cabeça não está a milhão!
E falar de mim sempre foi um desafio maior ainda. Descobri que escrevendo…e escrevendo em inglês ainda, eu consigo dar forma e corpo aos meus pensamentos de uma maneira que eu e eles entramos em um acordo. Eu consigo me entender e entender meu mundo quando eu escrevo sobre ele em inglês particularmente.
Meus cadernos e blocos de nota estão sempre por perto. Ali rabisco ideias, pensamentos, faço brainstorm das decisões pessoais e de trabalho que preciso tomar. Minha vida precisa de papel e caneta pra funcionar. Eu consigo me ver. Como quando você está em uma ilha. Você precisa se afastar pra ver a ilha, pra entender que está em uma ilha. É isso que eu faço…eu rabisco a ilha e dou um passo pra trás pra ver a ilha e entender a forma da ilha, a distância entre uma ponta e outra, o que se passa nessa ilha, de que lado o sol brilha mais forte na ilha, enfim….No papel eu dou vida a minha ilha. Eu me acho e me redescubro. E me vejo como a metamorfose ambulante que sou.
Escrever pra mim em inglês se tornou uma forma de me ver, de me aperfeiçoar no meu trabalho e de descobrir um mundo inteiro dentro de mim, colocando ele no papel. o Inglês nesse caso é minha ferramenta de condução. É o que uso pra dar vida ao que penso e sinto. É como minha criatividade transborda.
É como eu transbordo e transcrevo.