Idioms, proverbs, collocations
A cultura por trás de um idioma….
Por que ensinar? Como aprender?
Imagina uma pessoa vinda diretamente das terras gringas, sem falar nadinha de português, que resolve aprender o tal do português para se mudar para o Brasil. Será que essa pessoa consegue evoluir na sua aquisição de um idioma sem aprender sobre o carnaval, as festas juninas e o significado de coisas como “hoje a jiripoca vai piar”, “necas de pitibiriba” e “cara de pau”? Acredito que ela pode aprender as regras gramaticais, o vocabulário e a concordância de genêro, número e grau. Mas sua maneira de falar será mais robótica, e ela provavelmente não vai se sentir confortável em se comunicar já que não vai entender muito daquilo que podemos chamar de “malemolência” de um idioma. Aquilo que te faz fluir em uma nova lingua, é justamente entender os aspectos culturais que envolvem esse idioma.
Esses aspectos culturais envolvem idioms (expressões idiomáticas), provérbios, ‘collocation’, já que estes elementos situam uma pessoa em um espaço-tempo cultural e histórico. Um idioma é parte da cultura de um lugar. E não tem como você fluir em qualquer idioma sem você passar a incorporar os elementos dessa cultura na maneira como você usa esse idioma que está aprendendo.
Dentro todos os possíveis currículos, abordagens, metodologias e técnicas de aprendizado, ensinar os elementos culturais – idioms, collocations, proverbs – podem ser inseridos através de atividades comunicativas e de forma que o aluno possa realmente entender o que tais elementos significam (contrastando e comparando com sua própria língua materna) e realmente sendo capaz de produzir – escrever e falar – com esses elementos.
Listas de collocations e idioms não vão ser muito úteis, uma vez que, a pessoa aprendendo não vai conseguir trazer esses elementos para sua escrita e sua fala, e vai, ao invés disso, tentar memorizar a lista – o que vai acabar se tornando uma tarefa um tanto quanto enfadonha e sem sentido.
No decorrer do processo de aprendizagem, podemos separar uma (ou até umas três) idioms ou collocations para serem reforçadas naquela semana, ou com aquele capítulo que está sendo estudado. Desta maneira eu posso ter atividades das mais variadas sendo abordadas e oportunidades de contexto significativo para este vocabulário.
As atividades de warm up e wrap up de cada aula também podem ser voltadas para idioms, proverbs ou collocations. Desde um simples matching, memory game, tic-tac-toe ou hangman buscando evidenciar este vocabulário.
Para alunos com nível línguistico B1 ou acima, também podemos focar no uso destas idioms e collocations no processo de fala e escrita. Uma atividade que pode englobar vários elementos de vocabulário de forma a até avaliar o progresso dos alunos, é fazer cartinhas (ou usar o power point, jamboard, etc) contendo idioms, collocations, palavras que são geralmente pronunciadas erradas (e aqui pode-se focar na dificuldade do aluno que está sendo avaliado), phrasal verbs e elementos de vocabulário aleatórios – porém conectados com o que foi estudado por aquele aluno ou grupo de alunos (se um conteúdo voltado para alimentos foi trabalhado neste mês, bimestre, capitulo ou projeto, você pode usar as idioms que contém nomes de alimentos em sua formação, collocations, proverbs e phrasal verbs relacionados em cada uma das aulas – obviamente não estamos falando de incluir tudo em todas as aulas ou incluir dez expressões de uma só vez em uma aula. Mas sim usar a oportunidade para trabalhar os elementos relacionados e usá-los depois para fazer essa atividade), e colocar uma frase na lousa, uma frase que os alunos devem usar como o começo de uma história. Eles começam a história e você vai mostrando uma cartinha aleatória e eles precisam incluir esse elemento na história. A história segue até que todas as cartinhas tenham sido usadas. Se você estiver trabalhando com um grupo de alunos, uma sequencia de fala é determinada para os alunos e, cada aluno tem que continuar a história na sua vez, usando a cartinha que saiu pra ele. Você pode ter um redator no grupo para ir escrevendo a história e todos terem a história por escrito no final, ou você pode ir gravando a história e colocar para eles ouvirem e irem fazendo a correção depois. No caso de aulas individuais, o mesmo procedimento pode ser adotado de gravação para posterior correção por parte do aluno, ou o aluno mesmo vai contando a história e escrevendo ao mesmo tempo – tudo depende do aluno ou grupo de alunos que você tem com você para esta atividade.
Existem livros voltados para atividade de collocations e idioms principalmente quando se trata de preparatório para exames de proficiência como o TOEFL e o IELTS – e isso acontece porque o uso contextualizado e correto destes elementos garante mais pontos nestas provas. Usar estes elementos significa que você mergulhou mesmo no idioma que está aprendendo a ponto de reconhecer os elementos culturais e trabalhar com eles de maneira fluente.
Agora vou colocar aqui algumas idioms e seu significado para ajudar você que está precisando dar um boost nas suas interpretações culturais e habilidades línguisticas.
To be a hassle
Essa expressão é usada para indicar que algo é um inconveniente, um incômodo ou difícil. É muito comum ver em publicidades a expressão “hassle-free” (livre de inconvenientes). Isso sugere que aquele produto ou serviço está prometendo uma experiência livre de inconvenientes ou dificuldades.
Way
Ok, essa é um pouco mais difícil de explicar. “Way” por si só significa “caminho”. Entretanto, em casos como o da primeira frase do texto, essa palavra ganha outro sentido a partir do contexto. Aqui, ela é um advérbio de intensidade, como se fosse “muito”.
Presta atenção neste exemplo: um dia na faculdade, tínhamos apresentações as diferentes equipes para o professor. Nem todos os grupos estavam presentes ao mesmo tempo. Cada uma tinha um horário específico para começar e um tempo máximo para apresentar e cada uma ia entrando conforme a outra acabasse. Acontece que se um fosse muito mais rápida do que o previsto, o grupo seguinte precisava entrar logo e obviamente isso impactaria nos horários dos próximos. Para ajudar quem ia apresentar a se organizar, o grupo que estava apresentando tentava informar os próximos sobre o status. Nesse caso, minha colega me envia uma mensagem: “They are way ahead of schedule” (Eles estão muito à frente do planejamento, ou seja, eles estavam bastante adiantados).
Might as well
Essa é uma expressão bastante interessante, porque embora ela não tenha um significado específico, ela pode mudar completamente o sentido da frase. Muitas vezes ela é usada como uma expressão entusiástica. Por exemplo, se você dá um conselho a alguém e a pessoa responde com: “I might as well do that”, a pessoa está querendo expressar que ela gostou do seu conselho e irá segui-lo. Mas “might as well” também pode ser usado justamente para dar um conselho, ou indicar que é melhor fazer algo. Por exemplo, se você está dando a sugestão de um passeio a alguém em uma praia onde não há quiosques, você pode falar para a pessoa que é melhor ela levar sua própria comida: “You know, there aren’t any bars or kiosks there, so you might as well just take your own food”.
It’s no biggie
Essa é quase uma expressão da expressão. Quando você esbarra em alguém, por exemplo, e pede desculpas, é comum que a pessoa responda com: “No worries” (não se preocupe) ou “It’s not a big deal” (algo como “não é nada demais”). O “It’s no biggie” é a contração disso.
As if
“As if” é um idiom normalmente encontrado em ambientes formais e informais, dependendo de qual dos seus dois significados, está usando. Seu primeiro contexto é equivalente ao “like”, com a tradução de “tipo” ou “como”. Já o seu segundo é uma expressão informal que retrata algo impossível de acontecer de uma forma ridicularizada, pode ser comparada, no português, com a expressão “até parece”.
E você…quais idioms, proverbs ou collocations você já incluiu nas suas atividades ou no seu aprendizado?? Compartilha aqui!!!!!