Desde o planejamento de uma aula ou projeto destinado ao desenvolvimento da proficiência escrita no segundo idioma até a correção dos projetos e trabalhos dos alunos, acredito que esta habilidade seja a que mais demanda trabalho dos professores, principalmente aqueles que trabalham com turmas grandes.
Como professores muitas vezes temos velhos hábitos que não favorecem nem um pouco nosso próprio trabalho e nem o aprendizado dos alunos (pare e pense quantos dos seus alunos realmente observam a correção que você faz para eles nas redações deles…quantos deles questionam as correções e passam a redação a limpo tentando melhorá-la por exemplo). Temos o hábito de fazer todo o trabalho para eles independente da qualidade do trabalho que eles entregam. E muitas vezes eles vão entregar qualquer coisa escrita simplesmente porque o professor vai fazer o trabalho de arrumar tudinho para eles em vermelho e devolver o trabalho arrumadinho e pronto para eles.
Acho importante num primeiro momento observar o objetivo daquele trabalho escrito. Muitas vezes se resume a “eles precisam escrever … afinal escrita é uma das quatro habilidades dentro do processo ensino-aprendizagem que eles precisam aprender”.
Escrita sem propósito não motiva o aluno a escrever ou a apresentar um trabalho decente e motiva menos ainda o professor a ter um protocolo ou uma estratégia de trabalho destinada a esse processo.
Os trabalhos escritos podem ter variadas finalidades:
Praticar estruturação de texto e estilos de textos
Uso de conjunções e linking words
práticas de tempos verbais específicos
Aquisição de prática de vocabulário de um determinado assunto técnico ou mais específico
Treinar a grafia dos verbos que dobram letra no ING ou no passado
Trabalhar a grafia das palavras que tem a maior incidência de erros
Usar a imaginação e a escrita livre para estruturar todo o conhecimento linguístico já adquirido.
Então para cada trabalho, o foco da correção é dentro daquilo que o trabalho tem como objetivo.
Alunos com menor proficiência linguística escrita vão ficar cada vez mais frustrados se todo trabalho entregue vier parecendo a Carrie no baile de formatura.
Além de se ter um propósito para escrita, também precisamos ensinar (desde o dia 1 de aula desse aluno e não somente quando ele for fazer IELTS e TOEFL) a se auto corrigir.
Terminar o trabalho e jogar em cima da mesa do professor é um recurso muito adotado pelos alunos principalmente aqueles que odeiam os trabalhos escrito por qualquer motivo que seja.
Quando projetando um trabalho ou uma atividade escrita, reserve o tempo para auto correção (que pode ser feita individualmente ou em duplas ou até grupos por exemplo).
Escreva uma check list para aquele trabalho e entregue para o aluno. Esta check list vai variar de trabalho para trabalho e quanto mais avançado o aluno mais elementos ele vai precisar observar, porém se isto é trabalhado desde o início com eles, ele faz isso sem check list porque os elementos gramaticais são incorporados linguisticamente e não como mecanismos de observação (o parafuso e a porca se encaixam sem eu precisar ficar pontuando que são parafuso e porca e sim porque é o trabalho deles se encaixarem).
Alguns itens que podem estar presentes nesta check list (de acordo com o nível de proficiência da turma claro):
Spelling
Toda oração contém pelo menos um sujeito e um verbo
tempo verbal e a conjugação dos verbos
pontuação
estrutura
coesão e coerência ( o texto tem começo, meio e fim)
uso de conjunções e linking words
uso de expressions e collocations (no caso de trabalhos que estejam trabalhando estes elementos por exemplo)
Outros dois elementos que não podem faltar no que diz respeito a correção de trabalhos (e aqui serve para todo e qualquer trabalho) são o FEEDBACK e o FEEDFORWARD.
Muito mais do que fazer a correção do trabalho, dar o feedback (individualmente sempre que possível claro, mas a realidade do trabalho do professor nem sempre permite isso) da maneira mais individualizada possível faz o aluno se dedicar um pouco mais ao perceber que o professor está realmente prestando atenção.
Na minha modesta opinião não existe feedback mais vazio do que o “good job”, “great work”, “well done”. Será que eu não consigo direcionar pro meu aluno que o “você está escrevendo muito melhor João…suas frases estão mais completas e você está usando mais seu vocabulário acadêmico. Excelente uso dos tempos verbais e das expressions da aula de hoje”.
Vicio de professor escrever parabéns nos trabalhos dos alunos só porque eles fizeram o trabalho. Esse é o mínimo não é?? Acho importante parar com o tapinha nas costas pelo mínimo e realmente observar o que está escrito naquele papel.
E além do feedback podemos aproveitar o momento para lançar o feedforward e pontuar pro aluno como ele pode melhorar a partir dali. Como dar os próximos passos para melhorar o que está escrito ali.
Recebo muitos alunos que querem prestar prova IELTS e TOEFL sem a menor noção de auto correção e sem técnica nenhuma de escrita e alguns deles estudam inglês desde crianças e estão hoje na casa dos 30 anos. Eles escrevem bem na língua materna mas sofrem muito para escrever e entender os processos de escrita na segunda língua.
E você professor? Quais estratégias de correção de trabalho escrito você tem usado com seus alunos? Quais delas tem sido muito boas e com quais você tem lutado??
Juntos vamos mais longe!!!!